“Norton é uma banda portuguesa formada em Castelo Branco, em 2002. Conta com quatro registos de originais e dois álbuns de remisturas, destacando-se as suas digressões pela Europa e pelo Japão”. A beleza da utilidade sucinta da Wikipedia tem o seu encanto. Pouco mais de 30 palavras e está feito o resumo de uma vida de canções, à moda do “aqui e agora”,da imediatez, dos cinco segundos de atenção.
O “problema” é que, para resumir o percurso de vida dos Norton, falta muito a essas pouco mais de 30 palavras. Falta-lhe o verdadeiro peso da história de uma banda com 17 anos de estórias, falta-lhe mergulhar na alma de cada uma das canções dos quatro registos de originais, dos dois álbuns de remisturas e do disco que chega em 2020, o quinto. Falta-lhe, claro, as pessoas que são os Norton. O Rodolfo Matos, o Pedro Afonso, o Leonel Soares e o Manuel Simões não se limitaram a construir uma banda, a gravar discos e a sair por aí a tocá-los. Criaram, isso sim, uma relação de amor com quem os ouve, com quem partilha as suas canções, com quem os vê a nunca estagnar sem que isso signifique renegar origens, gostos, influências ou tendências.
Pop indie, rock galáctico, electrónica, pista de dança ou as quatro paredes de um quarto
adolescente pintadas a lágrimas, suor e sorrisos de amores de Verão. Contar a história dos Norton, uma banda portuguesa formada em Castelo Branco, em 2002, é contar a história de uma geração de músicos que abriu caminhos, conquistou públicos de norte a sul e saltou fronteiras com grandes canções e muita paixão. Os dados, as datas, os números, estão lá todos, na Wikipedia, logo abaixo do resumo de 30 palavras. Certeiros, úteis, sucintos. O resto – o que foi e o que ainda aí vem – está em cada disco, em cada música, em cada concerto, em cada digressão, em cada uma das pessoas que os ouve, canta e dança com eles.
Sérgio Felizardo